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quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Associação econômica dos pobres como via de combate às desigualdades


Li recentemente o texto do doutor em sociologia Luiz Inácio Germany Gaiger que serve como ponto de partida para a discussão sobre possíveis vias de resolução das desigualdades, sendo um dos caminhos a ativação econômica dos setores desfavoráveis. O autor indica que o empreendedorismo econômico associativo é uma alternativa real para a cooperação produtiva e especialmente com a possibilidade de autogestão.
Diante da situação do aumento de organizações de moldes associativos, o texto atribui a elas um papel de ativação econômica dos setores empobrecidos. Há dois caminhos: o dos pequenos negócios, que envolve grande desenvolvimento das competências individuais dos empreendedores; e a economia solidária, empreendimentos associativos.
No primeiro modelo, empresa individual, tem se mostrado vulnerável e instável devido às carências cognitivas e competências do empreendedor para concorrer num mercado cada vez mais voraz e de grandes concorrentes. Como indica pesquisa do SEBRAE, em dois anos 52% desses tipos de empreendimentos acabam fechando.
Embora o Brasil tornou-se a sétima economia do mundo, o crescimento não é capaz de produzir mudanças profundas na distribuição da renda e na pobreza. Outra constatação que o texto de Gaiger chega é que somente ações governamentais não podem erradicar a pobreza. Mas, que o estado pode facilitar o acesso dos pobres na recuperação da sua dignidade e na própria construção de uma condição de vida melhor. “Elas necessitam de situações de reconstrução pessoal, o que requer experiências positivas de participação e reconhecimento, não apenas de recuperação de sua renda de consumo”. A solução mais próxima, indicada pelo texto, é a associações desses indivíduos em cooperativas ou outras formas coletivas de produção. Já que individualmente torna-se mais difícil.
Então, num empreendimento associativo a responsabilidade e as decisões são compartilhadas, além da força de trabalho. Dessa forma a atenção sai do empreendedor individual, focado na sua personalidade, e passa ao conjunto do trabalho, ao coletivo, que envolve um grau de homogeneidade e coesão. Essa realidade, ainda está em curso. São práticas econômicas que tomaram impulso nas últimas décadas e, portanto, ainda com muito a crescer.
Dessa forma, um empreendimento econômico solidário deveria preencher alguns requisitos como ser uma organização suprafamiliar permanente; estar sob o controle dos sócios-trabalhadores; permitir o trabalho de não-associados, mesmo que ocasionalmente; a gestão deve ser coletiva além de ter natureza econômica. Mas, para que esses empreendimentos econômicos associativos terem sucesso é necessário um processo de qualificação, mobilização e até a politização. O que normalmente não tem ocorrido.

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