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quarta-feira, 30 de novembro de 2011

O turismo cultural em São Borja


São Borja foi fundada em 1682 - ou 1687, ou ainda, 1690, há linhas de pesquisas nesse sentido -, mas independentemente da data certa, São Borja é uma cidade com mais de 300 anos de história. Ela faz parte do que ficou conhecida como Sete Povos das Missões. Os sete povoados foram criados e supervisionados pela Companhia de Jesus, que eram padres que tinham a missão de catequizar os índios e ocupar os espaços, pois se tratava de uma região de fronteira, muito valorizada na época e interessava tanto a Espanha quanto a Portugal. Por isso, São Borja é uma das cinco cidades do Rio Grande do Sul que recebeu o título, em 1994, de “Cidade Histórica”.

O turismo é a atividade do setor terciário que mais cresce no Brasil. No mundo, em 2004, movimentou mais de quatro trilhões de dólares, com mais de 170 milhões de postos de trabalho. Os turistas buscam especialmente manifestações culturais que possam agregar conhecimento combinado com diversão.

O trunfo de São Borja é que ela é riquíssima em manifestação cultural. Por aqui, começou uma parte do Rio Grande do Sul, sendo o povoado mais antigo em atividade no Estado; aqui aconteceu uma guerra entre nações (Brasil x Paraguai); daqui saíram muitos colonizadores que fundaram cidades no Uruguai; também foi a partir de São Borja que surgiu o movimento nacional com o objetivo de transformar o país em República; a cidade foi a mais importante entre os povos missioneiros no Brasil e, dois de seus filhos tornaram-se presidentes do Brasil - Getúlio Vargas e João Goulart (há ainda uma linha de pesquisa que sugere um são-borjense tornou-se presidente da Argentina, mas lá essa história não é muito bem aceita).

São Borja possui um patrimônio histórico e cultural que poucas cidades no estado possuem (afinal, quais as cidades do RS que tem mais de três séculos de história?). Os seus bens culturais, especialmente os referentes aos missioneiros (história, arquivo, edificações, sítios arqueológicos, ruínas) estão, infelizmente, sendo relegados ao esquecimento.

Ainda pecamos em não valorizar essa história. Houve, nos últimos anos, uma tendência de priorizar a identidade de São Borja como “Cidade dos Presidentes”, e esqueceu-se do potencial histórico missioneiro.

Os dois aspectos (missioneiro e presidencialista) são importantes e devem figurar juntos na identidade da cidade, pois há uma diferença nessas linhas se considerarmos o viés turístico: a questão presidencial atrai turistas brasileiros, a missioneira atrai os turistas brasileiros e, também, os argentinos, pois eles têm seus povos missioneiros e identificam-se com as missões.

Outra vantagem que a cidade possui é a ponte internacional. Trata-se de um potencial turístico que está perdendo muito por falta de políticas públicas para o setor. Explico: pela ponte internacional, todo ano, passa em torno de 100 mil turistas argentinos que por falta de atratividade, apenas PASSAM por aqui. Perdem os hotéis, os restaurantes e o comércio: sim, perdemos todos! E, mais do que nunca, a cidade está precisando desses recursos perdidos, afinal, estamos entre as quatro cidades mais pobres do estado.

E ainda tem mais. Santo Ângelo, que apostou muito na questão missioneira, recebe cerca de 70 mil turistas todo ano, que depois de visitarem a cidade, vão até às ruínas de São Miguel das Missões, aqui pertinho de nós. Por que não atraí-los também para esticarem a viajem até São Borja? E olha que São Borja dá de goleada, se for considerar a história missioneira.

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